sábado, 25 de outubro de 2008

Sinestesia



Horas do Ocaso, trêmulas, extremas,

Réquiem do Sol que a Dor da Luz resume...


[Antífona - Cruz e Sousa]




Sobe.
Desce.
Sobe.
Desce e vejo o horizonte.
Vejo sim, lembro vagamente, mas acredito que tenha visto. Ou pelo menos gostaria de acreditar.
Antes do horizonte podia ver a água, muita água, na verdade conseguia sentir o cheiro dela, mas da cor... da cor não me lembro... talvez fosse azul ou quem sabe esverdeada, pois se fosse manchada de sangue com certeza me lembraria.
Sobe.
Desce.
Sobe e olho pro céu, timidamente, com os olhos meio cerrados, como que pra não encarar o sol que brilha, como que pra não encarar a vida que dói.
Do céu eu me lembro claramente, digo a cor. Negro. Em plena luz do dia. Uma nuvem de chuva parada sobre o mar, sob o céu.
Vai e vem, vou e venho. À procura de uma ponte que ligue as margens, mas não há margens, existe apenas um buraco que suga todos os sonhos e alegrias e tristezas e cores. Um buraco negro que suga horizontes e mares e céus e nuvens, mas não as pontes. As pontes... nunca. [FT]

sábado, 4 de outubro de 2008

Olhar




O mundo está andando pra trás e ninguém percebeu...




Preciso de um herói que me salve dos meus medos, que me carregue nos braços pra longe das tempestades ou que simplesmente fique ao meu lado até eu pegar no sono. Esses dias chuvosos me deixam com medo, e tudo que posso fazer é pedir que o escuro não me invada, que não destrua minhas esperanças.

Tudo é tão repentino e tão passageiro, que a naturalidade das coisas às vezes se perde em meio à fumaça das dúvidas. Ontem lembrei de você e não quis esquecer. Fiquei imaginando como seria tudo, mas não pude deixar de pensar em como seria o nada. [FT]