sábado, 16 de junho de 2007

Noite dos Mascarados


Noite dos Mascarados

Chico Buarque

- Quem é você?
- Adivinha se gosta de mim
Hoje os dois mascarados procuram os seus namorados perguntando assim:
- Quem é você, diga logo...
- ...que eu quero saber o seu jogo
- ...que eu quero morrer no seu bloco...
- ...que eu quero me arder no seu fogo
- Eu sou seresteiro, poeta e cantor
- O meu tempo inteiro, só zombo do amor
- Eu tenho um pandeiro
- Só quero um violão
- Eu nado em dinheiro
- Não tenho um tostão...Fui porta-estandarte, não sei mais dançar
- Eu, modéstia à parte, nasci prá sambar
- Eu sou tão menina
- Meu tempo passou
- Eu sou colombina
- Eu sou pierrô
Mas é carnaval, não me diga mais quem é você
Amanhã tudo volta ao normal
Deixa a festa acabar, deixa o barco correr, deixa o dia raiar
Que hoje eu sou da maneira que você me quer
O que você pedir eu lhe dou
Seja você quem for, seja o que Deus quiser
Seja você quem for, seja o que Deus quiser


Oh, maravilha

Bateu aqui uma saudade, ouvindo Chico e pensando na vida. Acho que podemos dizer bem que alguns vivem num eterno Carnaval, e se é assim, por que pensar que amanhã tudo volta ao normal?

A vida é breve, breve de mais pra ser desperdiçada. Hoje estou meio bobo, meio desmotivado, apesar de muito feliz, mas parece que a felicidade me entorpece. É bem verdade, a tristeza me dá força pra escrever, parece que tenho mais assunto.

Também não vale ficar falando do motivo de minha alegria. Eu particularmente não costumo ficar feliz só pelo fato de alguém estar feliz. Em certos casos afirmo isso apenas por educação:

_ Você tá feliz?! então to feliz também.

Mentiiiiiiiiiira, mentira cabeluda. Claro que isso depende da pessoa e do motivo . Mas no geral é assim mesmo que acontece.

O fato é que a tristeza de certa forma é uma boa musa inspiradora, mas é Carnaval, não me diga mais quem é você, se é tristeza ou se é alegria... e o melhor de tudo é que, como amanhã é domingo, nada volta ao normal. Lindo isso .

Amanhã nada volta ao normal
Deixa a festa continuar, deixa o barco correr, deixa o dia raiar que se Chico ler isso é capaz de minha vida nunca mais voltar ao normal, de tanto problema que vou arrumar.

Hehehehhehehehehe

Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim

=]

sábado, 9 de junho de 2007

A Valsa nº 6

(CENÁRIO SEM MÓVEIS. APENAS UM PIANO BRANCO. FUNDO DE CORTINAS VERMELHAS. UMA ADOLESCENTE SENTADA AO PIANO. VESTIDA COMO QUE PARA UM PRIMEIRO BAILE. ROSTO ATORMENTADO, QUE FAZ LEMBRAR CERTAS MÁSCARAS ANTIGAS. MÃOS POUSADAS SOBRE AS TECLAS. AO FUNDO, O RUMOR DO BOMBO, QUE ACOMPANHARÁ TODA A AÇÃO. AO ABRIR-SE O PANO A CENA ESTÁ MERGULHADA NA SOMBRA. APENAS UMA ÚNICA LUZ, INCIDINDO SOBRE O ROSTO DA MOCINHA. E, ENTÃO, ELA EXECUTA UM TRECHO DA VALSA N9 6, DE CHOPIN. SEU ROSTO PASSA A EXPRIMIR PAIXÃO, QUASE O ÊXTASE AMOROSO. CORTA BRUSCAMENTE A MÚSICA. ILUMINA-SE O RESTO DO PALCO. A MOCINHA ERGUE-SE, SEM SAIR DO LUGAR. TERROR.)



Ontem fui ver a apresentação dessa bela obra de Nelson Rodrigues.
Um monólogo onde uma menina de 15 anos é brutalmente assassinada pelo amante.
O texto é magnífico, a montagem foi bem feita, mas o que me chamou a atenção realmente, foi que podemos facilmente traçar um paralelo entre Sônia, a personagem, e a juventude atual.
Coisas estranhas acontecem, o amante que deveria preteger essa criança, a esmaga com atos de crueldade.
O governo empurra o punhal cada vez mais fundo nas costas daqueles que serão os eleitores de amanhã. Punhal de prata, de penetração macia... quase indolor.
É cruel ter que abrir o jornal todo dia e ver que parece não haver ninguem confiável pra se eleger atualmente. Seria engraçado se não fosse trágico.
Mas a culpa não cai somente no amante, não. Temos culpa no cartório também.
A capacidade crítica parece que se eximiu dos pensamentos. O que vale é ter um tênis legal e sair bem nas fotos da balada. E a política? Que chato, coisa de velho. É tudo ladrão, eu num quero fazer parte disso não.
Infelizmente é o que se ouve nos corredores. O país é uma canoa sem rumo.
Não podemos deixar que o espetáculo acabe e Sônia esteja morta. Somos os autores dessa história e como Nelson, se ele quisesse, o final poderia ser outro. A diferença é que ele escreveu pra teatro e nós escrevemos pra nossas próprias vidas.


Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim
=]



sábado, 2 de junho de 2007

Leminskando

Poema não rimante

Radiante, ofegante
Refletindo o tão distante
Don Quixote de Cervantes.
Ora um catito infante
Meio certo, meio errante
Por um pasto verdejante.
Se uma rima é importante
Quero ser inebriante
Pra seu peito cativante,
Tal latão ou diamante,
Mas que seja interessante
E não simplesmente combinADO.




Entra na comunidade do Paulo Leminski.
Você pode exercitar seu dom de escrever, lá nos tópicos - Ela disse.
E lá fui eu. Entrei na comunidade, e o primeiro tópico que vi, era:

"Escreva alguns versos para a pessoa do post acima"

Pois bem, lá fui eu me meter a besta e dar uma de poeta.
O resultado foi o texto que abre essa postagem. Meu senso crítico, quando se trata de poesia, é meio fraco. Pra falar a verdade nunca fui um apaixonado por poesia.
Tenho meus ícones na literatura e na música e dificilmente algo além daquilo me impressiona. Insensibilidade minha, talvez, mas na minha visão, a poesia por si só deve tocar a alma.
Traduzindo isso tudo, eu não 'manjo' naaaaaaaaaaada de poesia, então desculpem-me os poetas por minha heresia.
Hehehehhehe

O fato é que - como diria o poeta - tudo vale a pena quando a alma não é pequena.
Esse ramo é perigosíssimo, já que os monstros da palavra estão nos olhando das eternas academias de letras. Só de pegar o lápis - ou o teclado, que seja - uma certa responsabilidade nos vem às costas.
Também não sei se devo mergulhar em livros de poesia, pra aprender e então dizer, " eu sei escrever poesia", ou deixar a intuição me mostrar o caminho que devo seguir.
Enquanto não me decido, acho melhor não fazer muitos versos pro post acima.


OBS: obrigado Elisa, pelo "Leminski".

Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim
=]