terça-feira, 21 de agosto de 2007

A arte é a analise da loucura

Estava minha pessoa revirando os arquivos aqui no pc, e eis que encontro esse texto. Esse foi um trabalho que fiz quando estava na montagem de Romeu e Julieta, com a direção de Bernardo Maurício. Claro que hoje sou um pouco mais crítico, mas vale a pena postar aqui.


Felippe da Silva Terra

Romeu & Julieta – 27/05/06

A arte é a análise da loucura. O homem é a complexidade do amor nascido do ódio. Estamos sempre aprendendo, e quanto mais se aprende mais temos o que aprender. Nosso anseio não termina, nossas dúvidas não terminam, mas aprendemos, um dia aprendemos.

Um dia aprendemos que os amigos existem, mas não é fácil encontrá-los e quando os encontramos não percebemos o verdadeiro valor deles ou percebemos, mas não mostramos. Aprendemos que a família é o primeiro e o último amigo que temos, mas que generalizar é burrice. Ninguém tem a mesma família e família nem sempre é sinônimo de apoio.

Aprende-se que um líder não se faz da noite pro dia, e que isso está muito mais ligado à nossa formação do que com nossa idade. Aprendemos a lidar com as diferenças e que ser diferente não é ser melhor nem pior e que as diferenças é que tornam o homem verdadeiramente interessante. O homem é o único ser pensante, e muita das vezes não pensa no que diz ou no que faz. O homem erra. Mesmo enfrentando inquisição, ditadura, corrupção, um dia se aprende que em cada um de nós existe a escolha de lutar pelos sonhos ou simplesmente aceitar o que é colocado.

A arte é a análise da loucura. O teatro se manifesta em nosso ser de uma maneira devastadora, e nos faz apaixonar por nós mesmos, pelo personagem, pelas coxias e sentir no palco aquilo que não conseguimos sentir em nenhum outro lugar. É uma vontade de ser Romeu, de ser Julieta, de ser Jesus, o diabo a quatro, e o melhor é que não precisamos voltar quinhentos ou dois mil anos para montar o personagem, porque “Romeus”, “Julietas”, “Jesuses” e diabos a quatro existem hoje em dia em qualquer lugar que formos.

No palco se alcança a dignidade que nos é tirada, a alegria que se perde num mundo paranóico e aprendemos que sonhar não é imaginar o impossível, é atuar, é viver, é analisar a loucura e encontrar a arte.

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